A Invasão Britânica

BRITISH INVASIONO tom rebelde e a imagem do rock and roll americano e dos músicos de blues se tornaram populares entre a juventude britânica na década de 1950. As primeiras tentativas  para “copiar” o rock and roll americano em sua maioria resultaram no skiffle com sua tadição do “faça você mesmo” foi o ponto de partida de vários artistas britânicos e que mais tarde iria vir a influenciar os jovens a desenvolver novos caminhos dentro do universo do rock na inglaterra no inicio dos anos 60 resultando num fenomeno que ficou conhecido como a Invasão Britanica.

A invasão britânica teve um impacto profundo no desenvolvimento da música popular. Ajudou a internacionalizar a produção do rock and roll que instituiu a indústria da música popular britânica como um centro viável de criatividade musical e abriu a porta para posteriores artistas britânicos, irlandeses e escoceses a alcançar o sucesso internacional. Na América indiscutivelmente significou o fim da surf music instrumental. Inspirou muitos  grupos a desenvolverem  uma cena a partir da qual muitos dos principais atos entre os norte-americanos viriam a ser inspirados por eles.  A invasão britânica também desempenhou um papel importante no surgimento de um gênero distinto da música rock, e cimentou a primazia das bandas de rock.
Embora a maioria das bandas relacionadas  a invasão não sobreviveram até o fim, muitos outros se tornariam ícones da música.
Muitas bandas americanas também mostraram um som semelhante ao dos   artistas  britânicos e por sua vez destacaram a forma como os britânicos brilhantemente trabalhavam o rock.

The AnimalsO The animais  era uma banda da década de 1960  conhecida nos Estados Unidos como parte da Invasão Britânica. Conhecido por seu som influenciado pelo blues e pela profunda voz do vocalista Eric Burdon  exemplificado por suas canções como “The House of the Rising Sun” e “We Gotta Get Out Of This Place”, o The animals foi submetido a inúmeras mudanças em sua formação e emergiu como um expoente do rock psicodélico antes de se dissolver no final da década. Formada em Newcastle  durante 1962 e 1963 quando Burdon juntou-se a Alan Price & Blues Combo Blues, o original line-up éra composto por Eric Burdon (vocais), Alan Price (órgão e teclados), Hilton Valentine (guitarra), John Steel (bateria ) e Bryan “Chas” Chandler (baixo). Eles foram apelidados de “Animals” por causa de seus atos selvagens e o nome pegou. O sucesso dos Animals era moderado em sua cidade natal e uma conexão com o empresário dos Yardbirds  Giorgio Gomelsky os motivou a se mudarem para Londres em 1964 sendo assim incluídos na chamada Invasão Britânica.
Idealizado pelo produtor Mickie Most os singles tiveram muitos recursos utilizados em sua produção, “Bring It On Home To Me” e “Do not Let Me Be Misunderstood”. Em contraste com faixas  como “Boom Boom” de Hooker e Ray Charles “I Believe to My Soul” são exemplos notáveis. A voz de Burdon profunda e poderosa e o uso de teclados tanto quanto ou mais do que das guitarras eram dois elementos que fizeram o som dos Animals se destacarem.
Em outubro de 1966 Burdon, Jenkins e John Weider (guitarra / violino / baixo), Vic Briggs (guitarra / piano) e Danny McCulloch (baixo) reformularam a banda com o nome de Eric Burdon and the animals (ou Eric Burdon and the New animals). O blues foi transformado em “versões” psicodelicas. Alguns dos sucessos deste grupo incluído “San Franciscan Nights”, “Monterey” (homenagem ao Monterey Pop Festival) e ” Sky Pilot”. Seu som era muito mais pesado que o do grupo original. Burdon gritou mais alto em versões ao vivo de “Paint it Black” e “Hey Gyp”. Em 1968 por vezes trabalharam o som de forma som mais experimental em canções como “We Love You Lil”.
Os Animals ainda visitavam com freqüência a Europa onde eles mantiveram uma frêquencia bastante grande com uma nova banda de apoio em 1998 com Eric Burdon and the new animais. Esta era apenas uma renomeação de uma banda existente que havia saido em turnê desde 1990. Os membros deste novo grupo incluía Dean Restum, Dave Meros, Neal Morse e Aynsley Dunbar. Martin Gerschwitz substituído por Morse em 1999 e Dunbar foi substituído por Bernie Pershey em 2001.

the_beatles_The Beatles foi uma banda de rock pop de Liverpool, Inglaterra formada em 1960. Primeiramente a banda era composta por John Lennon (guitarra rítmica e vocal), Paul McCartney (baixo e vocal), George Harrison (guitarra e vocal) e Ringo Starr (bateria e vocal). Os Beatles são reconhecidos por liderar a “Invasão Britânica” nos Estados Unidos. Embora seu estilo musical inicial tenha sido enraizado nos 50s pelo rock and roll e skiffle homegrown, o grupo explorou varios gêneros inclusive o rock psicodélico. Suas roupas, estilos e declarações fizeram deles criadores de tendências, enquanto a sua crescente “consciência” psudo social assistiu sua influência se estender para as revoluções sociais e culturais da década de 1960. Após 1970 a banda se separou e os quatro membros iniciaram carreiras solo. Os Beatles é uma das bandas de maior sucesso e aclamados pela crítica na história da música popular, vendendo mais de um bilhão de discos internacionalmente. No Reino Unido The Beatles lançou mais de 40 singles diferentes, álbuns e EPs que alcançaram o primeiro lugar nas paradas, alcançando o primeiro lugar por mais vezes que qualquer outro grupo no Reino Unido. Este sucesso comercial foi repetido em muitos outros países, a sua gravadora a EMI, estima que em 1985 eles tinham vendido mais de um bilhão de discos em todo o mundo. De acordo com a Recording Industry Association of America, The Beatles venderam mais álbuns nos Estados Unidos do que qualquer outra banda.

creamCream foi um banda de rock britânica composta pelo baixista / vocalista Jack Bruce, o guitarrista / vocalista Eric Clapton, eo baterista Ginger Baker. Seu som foi caracterizado por um híbrido de blues rock e hard rock psicodélico. Em retrospectiva para ser “o primeiro supergrupo” combinando a guitarra de Clapton  com a voz poderosa e os basslines intensos de Jack Bruce com a influencia jazzistica do baterista Ginger Baker. Eles  venderam mais de 35 milhões de álbuns em todo o mundo. Wheels of Fire foi o  primeiro álbum  de platina duplo do mundo. A música  do cream incluiu canções feitas em blues tradicional, como “Crossroads” e “Spoonful” e os blues modernos como “Born Under a Bad Sign”, bem como canções mais excêntricas como “Strange Brew”, “Tales of Brave Ulysses” and “Toad”. Os maiores sucessos de cream foram “I Feel Free” (UK, # 11), “Sunshine of Your Love” (EUA, # 5), “White Room” (EUA, # 6), “Crossroads” (EUA, # 28), e “Badge”. O Cream fez sua primeira visita aos Estados Unidos em março de 1967 para tocar em nove datas no Teatro RKO em Nova York. E voltaram para gravar o Gears Disraeli, em Nova York entre 11 de Maio e 15 de maio de 1967. O segundo álbum do Cream foi lançado em novembro de 1967 e alcançou o Top 5 nas paradas em ambos os lados do Atlântico.
Desde a sua criação o Cream foi confrontado por alguns problemas fundamentais que mais tarde dariam origem à sua dissolução em novembro de 1968. A rivalidade entre Bruce e Baker trouxe grandes tensões na banda. Clapton também achava que os membros da banda não  ouviam uns aos outros o suficiente. Clapton contou  que certa vez o Cream estava tocando em um concerto e ele parou de tocar e nem Baker ou Bruce notaram. Decidiram que iriam terminar em maio de 1968 durante uma turnê nos EUA. Mais tarde em julho um anúncio oficial foi feito declarando que a banda iria se romper após uma turnê de despedida nos Estados Unidos e depois de dois concertos em Londres. Terminaram sua turnê pelos Estados Unidos em 4 de novembro em Rhode Island e tocando no Reino Unido pela última vez em Londres em 25 e 26 de Novembro. Em 1993 o Cream foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame e deixaram de lado suas diferenças para tocar na cerimônia de indução. Inicialmente o trio foi cauteloso sobre a realização até as palavras encorajadoras de Robbie Robertson que os inspiriraram a tentar. O resultado final foi uma apresentação incendiária…

Jeff Beck GroupThe Jeff Beck Group – foi uma banda de rock formada em  Londres em fevereiro de 1967 pelo ex-Yardbird o guitarrista Jeff Beck. Sua abordagem inovadora para o som heavy-blues foi uma grande influência na música popular no final dos anos 1960 e início de 1970. O primeiro Jeff Beck Group foi formado em Londres em 1967,  Jeff Beck (guitarra), Rod Stewart (vocal), Ronnie Wood (baixo) e Aynsley Dunbar (bateria). Beck havia assinado um contrato de gestão pessoal com o famoso produtor de  singles do Reino Unido Mickie Most.  Eles gravaram três singles no Reino Unido cada um com vendas mais baixas que as de seu antecessor, mas os lados “B” demonstravam o potencial do grupo. Porem o produtor rapidamente perdeu o interesse em Beck e o grupo se debateu durante a maior parte do ano.
A banda excursionou pelos EUA em meados de 1968. A turnê teve um sucesso enorme e eles estavam sendo apontado como o substituto óbvio do Cream. O álbum chegou ao número 15 nas paradas da Billboard. No final do ano o  conhecido  tecladista Nicky Hopkins aceitou uma oferta para excursionar com o grupo de Beck. Essa formação (Beck, Stewart, Wood, Waller e Hopkins) acabaria por sofrer com lutas internas, inveja e demissões. Ronnie Wood foi despedido pelo menos duas vezes e em 1969 Micky Waller foi substituído pelo baterista Tony Newman que permaneceu com o grupo até que se desfez. Eles tocaram vários shows de 1967 a 1969. Em 1967 eles tocaram na Inglaterra bem como em pequenas excursões para a Europa e Escandinávia.  Em 1968 e 1969 tocaram uma grande quantidade de shows principalmente nos EUA e  mais uma vez na Europa também. Jimi Hendrix era um grande fã do grupo e se juntou a eles no palco durante a turnê nos EUA de 1968 tocando com Jeff Beck no palco. A banda ficou quase três anos juntos e produziu três singles no Reino Unido e dois LPs. Há no entanto dezenas de primeiras gravações produzidas em Delane Lea estúdios em 1967 e 1968 especificamente para vários programas de rádio da BBC incluindo Saturday Club, Top Gear, e no Salão Simmonds. Pirataria de má qualidade, estes nunca foram oficialmente lançados.

Esses são apenas alguns entre tantos outros exemplos de jovens que formaram  suas bandas influenciados por parte da cultura Americana e que invadiram os EUA com seu modo alucinante de  pensar tocar e agir.

                                                Eduardo Piloto

Os Hippies de San Francisco

hippies-Em 1965 em San Francisco cuja cena era largamente parada nos anos de surf music e do Movimento de Greenwich de repente veio a se tornar uma das cidades mais efervescentes do país. Os poetas da “geração Beat” se mudaram para lá, o “Diggers” se tornou o bairro de Haight Ashbury um verdadeiro “teatro vivo”. Mario Savio fundou o “Movimento da Livre Expressão” na Universidade de Berkeley. Havia excitação no ar. No verão de 1965 uma banda de San Francisco os Charlatans e seus fãs hippies assumiram a “Red Dog Saloon” em Virginia  (Nevada) e vieram com a idéia de tocar um novo tipo de música para um novo tipo de público. O Warlocks (mais tarde rebatizado de The Grateful Dead) foi contratado por Ken Kesey para em seus “testes de ácido” ( festas de LSD) onde a banda começou a realizar longas exibições instrumentais baseadas no country, blues e jazz. Em outubro do mesmo ano a Family Dog organizou a primeira festa hippie em “stivadore Long Hall”. Após o sucesso do “festival” abrira-se os caminhos para novas bandas de San Francisco e elas foram surgindo de toda parte. Esses atos incorporados aos ideais pacifistas que haviam sido promovidos por Bob Dylan  com uma postura muito menos política. Tinha uma filosofia de vida (“paz e amor” e drogas) que foi de muitas maneiras  conseqüência direta do que Dylan havia pregado, mas era também muito mais perto de filosofia budista e hindu, os Hippies não se reuniam para marchar mas para comemorar não para protestar mas para se alegrar. A experiência espiritual era proeminente sobre a experiência política. Isso representou uma mudança drástica dos tempos de rock’n’roll quando a música era um ato (em última análise, violento) de rebelião.
Festivais de rock foram promovidos como o “Human Be-In” realizada em janeiro de 1967 no Golden Gate Park o “Encontro das Tribos”. O fenômeno hippie foi o único que se tornou um movimento de massas que se espalhou rapidamente por todos os Estados Unidos (e no mundo) embora nunca teve um líder. Foi um movimento messiânico, sem um messias.
A música dos hippies era uma evolução do folk-rock. Ele foi renomeado “acid rock” porque a idéia original era o de fornecer uma trilha sonora para as festas de LSD com bandas  que refletissem tanto quanto possível os efeitos do  LSD. Esta música foi em muitos aspectos o equivalente a rocha da pintura abstrata  (Jackson Pollock) o free-jazz  (Ornette Coleman) a poesia  (Allen Ginsberg). Esses fenômenos tiveram em comum uma estrutura que formam o conteúdo e uma atitude de desrespeito aos valores estéticos seculares. Na música isso significava que a improvisação era  importante e (mais importante) do que a composição. A invenção principal do ácid-rock foi a “jam” que é claro já havia sido praticada por músicos de jazz e blues. Os músicos tinham um contexto um pouco diferente,  colocaram mais ênfase na melodia e menos ênfase no desempenho virtuoso. A diferença éra visível (além da raça dos músicos que éram brancos)  como o papel principal da guitarra elétrica. A diferença mais sutil era de que o espírito apaixonado e dolorido do Blues foi substituído por um ar transcedental o espírito zen. O arquétipo de ácid-rock foi gravado em Chicago pelo bluesman branco Paul Butterfield, uma peça longa que fundiu improvisação afro-americana e indiana. Do ponto de vista instrumental o acid-rock era ainda muito descendente do rhythm’n’blues mas do ponto de vista vocal era muito descendente da música popular do país. As melodias e as harmonias foram inspiradas nas tradições dos brancos. 1966 foi o ano em que: The Fugs, Paul Butterfield, East-West, Going Home dos Rolling Stones,Sad-eyed Lady dos Lowlands por Bob Dylan e etc. Os músicos de rock ao longo dos anos iriam gravar cada vez mais faixas longas e complexas.
hippiesJefferson Airplane foi uma das maiores bandas de rock de todos os tempos eles não apenas encarnaram o espírito e o som da era hippie mais do que ninguém mas também contavam com um grupo formidável de talentos que contribuiram imensamente para revolucionar a musica de seu tempo, vocal (Grace Slick), harmonização (Paul Kantner, Marty Balin),  baixo (Jack Casady ), o contraponto da guitarra (Jorma Kaukonen) e percussão (Spencer Dryden).Seus primeiros singles, Somebody To Love e White Rabbit ajudaram a estabelecer o rock psicodélico como um gênero musical. A música de Jefferson Airplane foi em grande parte auto-referencial e sua carreira se sente como um documentário de sua geração. Pillow surrealistic (nov 1966 – fevereiro 1967) foi um manifesto para a geração hippie. After Bathing At Baxter (jun 1967 – nov 1967) foi uma das maiores realizações artísticas da era psicodélica foi o álbum que rompeu com as convenções do formato canção e arranjos pop. Depois de Crown Of Creation (jun 1968 – setembro 1968), um desvio em transfigurados folk-pop-jazz-rock e baladas, canções de ninar em sua obra-prima suprema (abr 1969 – nov 1969) que fundiu uma certa tendência para trás em direção às raízes (musical e moralmente) e a tendência rumo a linha-dura na política contra o Imperialismo (1970 -? Nov 1970) foi um olhar nostálgico de volta aos ideais dos comunas e uma homenagem utópica para a era espacial. Sunfighter (1971 -? Nov 1971) foi um retorno  adulto e solene para o formato canção e com a natureza (um conceito “ecológico”). O segundo álbum do casal, o Baron Von Tollbooth & The Nun Chrome (dezembro 1972 – maio 1973) transformou os hinos do Jefferson Airplane em uma estética auto-suficiente. O seu “apelo de marketing” era precisamente o que eles representavam (e praticado), um novo estilo de vida enquanto que musicalmente eles raramente desafiaram o formato “canção orientada” da maneira que outras bandas de ácid-rock fizeram. Jefferson Airplane foi parcialmente aceito pelo establishment porque eles ainda estavam vivendo no mundo da música pop porque o povo e as raízes do blues ainda eram visíveis, pois a melodia ainda era o centro da massa.
Outros estavam reagindo contra todas os formatos anteriores. O Grateful Dead  considerado por muitos como “a” maior banda de rock de todos os tempos era um monumento da civilização hippie de São Francisco e em geral um monumento da civilização psicodélica dos anos 1960. Sua maior invenção foram as composições de forma livre o equivalente a  improvisação do jazz. Ao contrário do jazz  que  canalizou a revolta do povo afro-americanos o Grateful Dead foi a banda  das  “Viagens” de LSD. Mas logo  passou a representar uma ideologia  de fuga do estabelecimento defensora de liberdade artística e de estilos de vida hippiesalternativos. Contrariamente à sua imagem de viciados e desajustados o Grateful Dead foi um dos grupos mais eruditos de todos os tempos conscientes das composições atonais do avantgarde Europeu bem como a improvisação  do free-jazz e  ritmos de outras culturas. As escalas infinitas ascendentes e descendentes de Jerry Garcia estão entre as mais titânicas já realizadas dentro do universo do rock. O Grateful Dead nunca vendeu muitos discos seu formato preferido foi o concerto ao vivo e não o registro em estudio. Eles literalmente redefiniram o conceito de “música popular” que era o concerto ao vivo evitando as leis do capitalismo a remoção do plano de negócios de entretenimento. Suas obras-primas gravadas, Anthem Of The Sun (mar 1968 – jul 1968), Aoxomoxoa (mar 1969 – jun 1969) e Live Dead (mar 1969 – nov 1969) são meras aproximações de sua arte. Anthem of the Sun foi refinada em estúdio usando todos os tipos de efeitos e técnicas. A banda se baseou em Karlheinz Stockhausen, John Cage e Morton Subotnick  para a inspiração. O Blues e as raízes do país foram “alteradas” pelos produtores portanto desintegrando a estrutura da música e o desenvolvimento das execuções. Cada peça tornonara-se em orgia de som, tambores com tempos obsessivos para reproduzir as pulsações de uma viagem de LSD, eletrônica pintando sons aterrorizantes em êxtase, teclados sombrios gemendo misteriosamente como fantasmas presos em catacumbas, guitarras perfurando mentes e lançando os seus sonhos ao céu, vozes flutuando serenamente sobre a viajem. Arranjos transbordando, trompete, celesta e etc mas no geral a sensação era de angústia que fugiu do sentido “flower power” reforçada pela selva de dissonâncias e percussões. As improvisações longas soavam como música de câmara para viciados e bêbados. O crédito vai para o produtor Dave Hassinger que trouxe o “overdubbing” e performances diferentes  criando um sentido “multi-dimensional”  ou seja uma versão extrema da “parede de som”. O ritmo e a melodia haviam se tornado acessórios. Composições como Aoxomoxoa reparadas  movendo-se de volta para o formato de música tradicional. Dead live ao invéz disso voltou para sua verdadeira dimensão com faixas com Feedback, uma longa “viagem” pela guitarra monolítica de Garcia e Dark Star, Dead jam the terminal e the swan song of acid-rock. Ao mesmo tempo porém mantinham sua forma livre que nasceu de uma filosofia que ainda estava profundamente enraizada na tradição americana. Eles nasceram na fronteira entre a cultura individualista e libertária  e da cultura comunitária e espiritual. Apesar de ser ostracizado pela Instituição o Grateful Dead expressou melhor  que qualquer outra banda a quintessência da nação americana e talvez foi precisamente a razão pela qual sua música ressoou tão bem diante das almas dos jovens nos EUA. Não é  coincidência que o Grateful Dead juntamente com o Byrds e Bob Dylan encabeçaram o movimento através de Workingman’s Dead (fevereiro 1970 – jun 1970) e Jerry Garcia  solo Garcia (jul 1971 – jan 1972). A banda passou sua vida adulta tentando transformar a expressão subcultural dos hippies em uma linguagem universal que pudesse chegar a todos os cantos do planeta (não só os comunas hippies). Eles tiveram sucesso com uma forma de musica intelectual que interpretou a viagem lisérgica como uma fuga da realidade diária, da catarse e a libertação de neuroses urbanas: Weather Report Suite (1975), Blues For Allah (1975),  Shakedown Street (1978), Althea (1979) . Na prática sua arte era um estudo psicológico sobre a relação entre os estados alterados da mente (alucinações psicodélicas) e os estados alterados da psique (neuroses industriais).

 hippiesAs primeiras bandas de São Francisco tiveram que lidar com uma indústria fonográfica que os maltratava completamente e que não respeitava seus conceitos. As grandes empresas tinham necessidade de explorar o fenômeno hippie mas eles se recusavam pois os produtores eram pagos especificamente para destruir o som original e para “normalizar” suas composições (em outras palavras a “Beatles-ize” acid rock).

Enquanto cenas musicais anteriores em todo o mundo giraram em torno de um estilo específico (como Mersey beat, rhythm’n’blues ou surf music) a Baía de San Francisco tornou-se o lugar onde tudo era permitido. Na verdade praticamente a única coisa que não era permitido era  replicar o som de outra pessoa. Originalidade era ponto obrigatório ao passo que  talento era opcional.

O álbum gravado em 1967 pelos Charlatans, The Charlatans (1966/1967 -?? 1977) e  as músicas tambem vieram com uma série de singles de edição limitada no final de 1966 e início de 1967.

Electric Flag Mike Bloomfield estreou em (maio de 1967 -? 1967), uma mistura de psicodelia, ragtime e blues.

Moby Grape  encarna o espírito casual e mágico das viagens de ácido (janeiro / fevereiro 1968 – abril 1968) com Mike Bloomfield e Al Kooper e com solo de Alexander Spence no álbum Oar (dezembro 1968 – Maio de 1969).

Quicksilver  uma das maiores bandas de jam da cena acid rock de San Francisco o som garagem do Noroeste com ritmo de Chicago e do blues em especial em Happy Trails (nov 1968 – mar 1969) cujo faixas mais longas são ousadas com estilísticas cavalgadas que levam o blues como o ponto de partida com o objetivo para o interior americano.

Mad River que também foram influenciados pelo blues (-?? 1968) e Paradise Bar & Grill (-?? 1969).

Blue Cheer  por outro lado tocava blues-rock com uma vingança Vincebus Eruptum (1967 – jan 1968?) Introduziu um som aterrorizante ( guitarra ensurdecedora e grande amplificação no baixo) que desafiou toda a ideologia “hippie” e antecedeu o Stoner-rock  em 25 anos.

Steppenwolf desencadeou dois dos hinos mais difíceis de bater  Born To Be Wild (1968) que contém a expressão “heavy metal” que na época era uma gíria para determinar um “som pesado”, atitudes ou situações densas ou agressivas e que viria mais tarde a identificar um novo gênero e Magic Carpet Ride (1968) .

No outro extremo do espectro, Fifty Foot Hose uma das bandas mais experimentais da década de 1960 e um dos primeiros a empregar a eletrônica no rock de  vanguarda, recorded Cauldron (1967 -? Dezembro 1967 ) desafiando a atmosfera plácida do acid rock com o som cacofônico e caótico de suas apocalípticas “Freak outs”

monterey pop festival autografadoAlgumas destas bandas chegaram aos estúdios de gravação no momento em que a idade de ouro do ácid-rock já havia terminado, quando dois altamente divulgados eventos no verão de 1967 aconteceram, o Festival de Monterey (que legitimou o formato) e o album dos Beatles Sgt. Pepper (que legitimou o som “socialmente”). Durante este Verão a “alternativa” se tornou “mainstream”. O espírito anti-comercial do acid rock tornou-se uma contradição em termos. No ano seguinte as bandas hippies abraçaram o country-rock e voltaram ao formato de canção tradicional. O “Summer of Love” termo que se tornou “normal” ao senso comum (embora se possa argumentar que o “verão do amor” real havia ocorrido um ano antes sem o conhecimento da maior parte da mídia).
Houve também uma razão sócio-política para a morte súbita do movimento hippie. Os hippies nunca tiveram realmente quem os representasse dentro da classe intelectual. Eles haviam representado o homem médio jovem da classe média que estava com medo de ser convocado para a guerra do Vietnã e sonhava com um mundo sem armas nucleares. Os intelectuais de esquerda tinham prioridades diferentes e subscreveram que a ideia de que algum grau de guerrilha urbana era necessária a fim de mudar a Constituição. Os hippies eram apenas uma das facetas da contra-cultura. Em 1968 a maré virou e protestos violentos se tornaram mais populares que os pacíficos. O movimento de paz foi seqüestrado por revolucionários de um calibre diferente e sua trilha sonora psicodélica se tornou anacrônica diante do que impunha a nova realidade socio politica cultural que se estabelecera.

Eduardo Piloto

O nascimento da Psicodelia e a abertura para novas possibilidades

psychedelic festival 60sEntre 1963 e 1966 houveram três pontos decisivos na natureza original do rock’n’roll: Bob Dylan introduziu uma mensagem sócio-política explícita, bandas britânicas como os Rolling Stones e The Who (os herdeiros dos “delinqüentes juvenís” imagem da década de 1950) o espectáculo de caos instrumental e vocal, os Beach Boys, os Beatles e os Byrds focados em técnicas de estúdio e arranjos excêntricos. Cada um deles encarna três diferentes maneiras de usar a música como um veículo e foi como se por exemplo o bardo profundo, o punk de rua e o escultor de som se juntassem transformando-se em uma só coisa. Os Rolling Stones que personificavam um atributo eterno e universal de juventude e rebeldia. Os Beach Boys e os Beatles foram neutros como possível em sua época (a guerra do Vietnã, o movimento dos direitos civis, o medo do holocausto nuclear). Bob Dylan era tudo sobre o seu tempo. Dylan usou a música como uma arma, os Rolling Stones e The Who usaram-na como um insulto, enquanto os Beach Boys e os Beatles foram em grande parte indiferentes ao tumulto ideológico.
A convergência destes três tópicos completamente diferentes produziu a grande temporada de música psicodélica, um gênero que refletia o espírito de um tempo que explorou o experimento do som de estúdio e que encarnava a frustração da juventude.
A síntese de 1966 foi impulsionada por alucinógenos como se as drogas fossem o ponto de encontro natural do bardo, do punk e do escultor de som. Muito provavelmente foi uma mera coincidência, as drogas só passaram a representar a chamada unificação de armas para essa geração.  As drogas foram convenientemente disponíveis e  representavam o oposto daquilo que estava estabelecido e  odiado pelos jovens nos fins da década de 60 (a guerra, a vida burguesa, a disciplina, a ganância, a religião organizada, velhos valores morais).
Se tivéssemos de apontar um evento que concretiza essa síntese histórica teria sido em maio de 1966 quando Dylan Blonde on Blonde saiu, um álbum duplo ( um afastamento significativo do formato antigo da musica de Dylan) que ironicamente foi gravado em Nashville ( entre outubro 1965 e março de 1966). Até então os músicos de rock tinham operado dentro dos limites da canção de três minutos da música pop da época. Após o lançamento desse álbum apenas a música mainstream comercial permaneceria ancorada ao formato “canção tradicional”. Álbuns com longas faixas de forma livre começaram a fluir para fora de Londres, Nova York e Los Angeles: o segundo álbum dos Fugs, Virgin Forest  (gravado em janeiro e lançado em março), Frank Zappa  com seu album duplo, Freak Out (gravado em março e lançado em junho), Aftermath dos Rolling Stones (gravado em Los Angeles em março), o Velvet Underground, The Velvet Underground & Nico (a maioria das faixas registradas em abril e maio), The Who, A Quick One ( gravado no outono), o álbum do Doors, o primeiro (gravado no verão) e etc. Vários deles tinham sido registrados ao mesmo tempo como a obra-prima de Dylan, sinalizando uma mudança coletiva de distânciamento da música pop.
 Miles Davis bitches-brewEssa mudança no rock (a miscelania na síntese histórica do bardo, do punk e do escultor de som) coincidiu com o boom do “free jazz”, o Rock’n’roll havia nascido na confluência do blues e da música country mas depois de 1966 tudo o que já se conhecia havia se tornado em ingredientes simples. Era necessaria a elaboração de uma receita  mais complexa. As longas viagens de “ácido” do Velvet Underground, do Jefferson Airplane, do Grateful Dead e do Pink Floyd contaram com uma infra-estrutura solta que já não estava muito relacionada com o rhythm’n’blues (para não falar de música country). Foi por outro lado muito semelhante ao que aconteceu com o jazz tocado nos lofts e os clubes que muitos músicos de rock psicodélico visitavam e que rapidamente se tornou o segundo grande pilar da contracultura (o primeiro sendo o movimento dos direitos civis e pacifismo). Basicamente a influência indireta do free jazz tornou-se proeminente no universo do rock durante a era psicodélica alimentando sua revolução musical a  emancipar o rock  diante de suas origens do blues. Antes de 1966 o rock havia se tornado mais uma parte da tradição do blues que os roqueiros quiseram  absorver, depois de 1966 o rock tornou-se mais uma parte da tradição do jazz que os músicos de rock quiseram tambem absorver.

Eduardo Piloto